segunda-feira, 21 de setembro de 2009

PNAD 2008: O Que Mudou no Brasil Nessa Década – Parte 1

Interessante a evolução comparativa de alguns aspectos da sociedade, demografia e economia brasileira. A partir de hoje iniciaremos análise dos principais elementos que definiram a mudança da realidade entre o início da década e o ano passado, através da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD), do IBGE.



Pelo noticiário, os dados em questão são principalmente analisados sob o ponto de vista das políticas públicas, priorizando concentração de renda e outros conceitos importantes, mas que tem pouca utilização para os fins mais práticos da vida privada.


Inicialmente é importante identificar que em apenas 7 anos a estrutura populacional do país mudou de forma substancial. Conforme aponta a pirâmide populacional abaixo, o Brasil está envelhecendo - a pirâmide ficou mais magra na base e gorda nos segmentos superiores (clique na imagem para ampliá-la).





Nesse ponto, o primeiro destaque é a queda abrupta da natalidade. Em 2001 tínhamos uma população infantil e de jovens (0 a 19 anos) de 65,8 milhões de pessoas, que caiu para 63,9 milhões no ano passado, refletindo redução da fecundidade nacional (menos filhos por mulheres).


Mas essa não é uma medida tão determinante. Afinal, a taxa de queda populacional vem mostrando um comportamento decrescente na direção das faixas mais jovens.


Veja só: a diminuição demográfica da população entre 10 e 14 anos foi de 3,29%; na faixa de 5 a 9 anos, a retração foi de 2,90%; e entre 0 e 4 anos, a diminuição foi de 2,55%. O esperado seria exatamente o contrário: as maiores quedas se concentrando nos segmentos de menor idade.


Tal fenômeno por ter duas explicações: uma eventual reversão da fecundidade, com a maior propensão à gravidez (especialmente entre menores de idade); ou o efeito prático do aumento da violência no âmbito da população jovem, onde realmente se localiza a maior concentração de assassinatos. Essa é uma situação realmente preocupante.


No outro extremo, a população de idosos saltou de 10,8 milhões para 14,3 milhões (32%), dinâmica essa que tenderá a se acelerar nos próximos anos.


Agora, fazendo a relação de pessoas teoricamente incluídas no mercado de trabalho com os inativos (crianças, jovens e idosos), em 2001 tínhamos uma estrutura na qual uma pessoa em idade ativa sustentava, em média, 0,78 inativos. No ano passado essa relação foi de um para 0,74. Ou seja, a relação de dependência no país diminuiu pouco mais de 5% no intervalo de tempo em questão.


Em poucas palavras, a população brasileira com potencial de geração da própria renda aumentou 8,16%. Isso significa 8 milhões a mais de consumidores. Por outro lado, o universo infantil e jovem (de zero a 19 anos) conta com 1,9 milhões de pessoas a menos (queda de 3%), o que gera efeitos nos gastos educacionais, brinquedos, moda infantil, etc.


Já o número de idosos (acima de 65 anos) aumentou em 3,5 milhões de pessoas.


Apesar desse grupo ser classificado demograficamente como inativo, a verdade é que consiste num segmento de consumo de elevado poder. O fato é que os brasileiros mais longevos chegam a tal idade com mais chance de ter uma estrutura patrimonial e de renda melhor definida, seja por aposentadoria, ou construção da poupança pessoal fora da estrutura previdenciária estatal.


Afinal, pessoas abaixo da linha de pobreza, têm pior acesso à saúde (pública) e naturalmente (lamentavelmente) vivem menos.


Outra questão: o conceito de idoso está em transformação e é cada vez mais expressivo o número de pessoas com mais de 65 anos que permanecem com força no mercado de trabalho e empresarial. Em resumo, estamos tratando de um nicho de consumidores que merece maior dedicação.


E isso não é uma orientação moral: o segmento detém níveis médios de renda superiores à média nacional. Suas demandas: saúde (incluindo estética); conforto; turismo; e produtos de maior nível de qualidade.

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