O único grande aeroporto a registrar verdadeiro impacto negativo de movimento foi o de Belém, com queda de 1,48% dos pousos e de 6,91% do movimento de passageiros.
A retração em Galeão (RJ) foi, provavelmente conseqüência do remanejamento de vôos para Santos Dumont (RJ).
Da mesma forma, as infra-estruturas de Guarulhos e Congonhas, em São Paulo, foram aliviadas, a partir do redirecionamento de rotas para Campinas, há apenas 90 km da capital paulista.
Na totalização dos 3 aeroportos, o fluxo de passageiros aumentou 1,1% no período em foco, o que não deixa de ser um sinalizador de alarme. Afinal de contas, que justificativa teria para que o centro mais rico do país tivesse um desempenho tão inferior à média brasileira? Em princípio, é razoável supor que tudo seja o efeito direto do enxugamento de custos das empresas, racionalizando as viagens de negócios.
No resto do país, o turismo nacional deve ter predominado como força de expansão do movimento aéreo, já que o movimento internacional de passageiros caiu 5,33%, aí sim, em função dos efeitos da crise global.
Inicialmente, tais informações surpreendem, especialmente porque o início do ano foi bastante difícil para as companhias aéreas.
Mas está errado quem atribui a recuperação do movimento dos aeroportos à vitalidade da economia brasileira frente à crise.
Na verdade, para diminuir a ociosidade dos vôos, as empresas do setor promoveram relevantes reduções do preço de seus serviços. De acordo com o IPCA, entre janeiro e julho, o valor médio das passagens aéreas recuou 5,82%. Em agosto (com o fim da alta temporada) o ticket médio chegou a cair 16,17%, ao sabor das promoções e gentilezas de milhagens.
Em princípio, a queda do preço do combustível poderia dar sustentação parcial a esse movimento. Entretanto, se vale o monopólio da Petrobrás para a venda do energético, isso só seria possível se a estatal tivesse repassado algum benefício da redução do preço mundial do Petróleo para as aéreas.
Resumindo, o Brasil continua nos ares. Voar está mais barato. Mas e as empresas? A Gol teve prejuízo próximo a R$ 1 bilhão em 2008, enquanto a TAM perdeu R$ 1,3 bilhão. Mesmo que essa última empresa tenha registrado pequeno lucro no segundo trimestre desse ano, o quadro conjuntural não parece muito favorável para o setor.
Afinal, se as duas maiores aéreas do país tiveram perdas bilionárias no ano passado, será que um aumento de 4,76% no número de clientes é o suficiente para reverter tais prejuízos? A propósito: o número médio de passageiros por avião caiu 1,14% entre janeiro e julho desse ano frente a igual período de 2008.
Curtas
1) Hoje o Ministério do Trabalho divulgou o resultado do emprego formal de agosto no Brasil: geração líquida de 242 mil empregos formais. Esse foi o melhor resultado do ano, superando inclusive o dado apurado em agosto do ano passado (239 mil vagas), antes da crise, portanto. O melhor é que essa retomada do emprego foi sustentada pela indústria (66 mil vagas) e construção civil (40 mil vagas), setores esses que estavam lidando com sérios problemas de desemprego. Quando os dados detalhados forem disponibilizados, estaremos analisando com maior profundidade essa questão.
2) E a Bovespa bateu nos 60 mil pontos... e foi embora para 60.400. O próximo choque poderá ser diferente...
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