sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Gabolices do Sr. Ministro



Guido Mantega está com toda a corda. Os ares de Londres, onde amanhã começará a reunião do G20, devem estar inspirando o ministro da fazenda brasileiro a dizer coisas que não condizem com os fatos observados.

Nossa principal autoridade econômica afirmou que a crise no Brasil ficou para trás e a economia nacional já está crescendo entre 4,5% e 5%.

B
em, estando na Inglaterra, nada como falar coisas para inglês ver. Essa antiga expressão, para quem não sabe, significa enfatizar apenas aparências, sem que estas estejam obrigatoriamente comprometidas com a essência da realidade.

Mas em nome da justiça, vamos dar a Mantega o benefício da dúvida e tentar buscar dados indicando que ele anuncia com propriedade o citado crescimento da economia do país.

Bem, seguramente não é a partir da indústria que o Brasil está crescendo. De acordo com os últimos dados disponibilizados pelo IBGE, o conjunto das fábricas em território nacional a amargaram uma queda de produção de 9,9% em julho último frente ao mesmo mês de 2008. E o mais grave é que a não ser no caso de Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Amazonas, a retração de julho foi maior do que o desempenho médio dos últimos doze meses. Em poucas palavras, isso significa, matematicamente, que a situação está piorando, apesar de pesquisas de opinião junto a empresários estarem dizendo o contrário.


E em termos de agricultura as previsões de safra não se mostram muito animadoras. A quantidade produzida de soja deve fechar 2009 com queda próxima a 5%; o milho com retração de cerca de 14%; o café -13%; restando perspectivas positivas para a cana-de-açúcar (5%) e o arroz (4%).

que se reconhecer que os indicadores do comércio varejista ainda permanecem positivos. Ainda de acordo com o IBGE as vendas de junho cresceram 5,6% na comparação com igual período de 2008. Esse dado é influenciado pela continuidade da expansão do grau de endividamento médio das pessoas físicas ( algo que deve ser encarado com maior seriedade), além do barateamento das importações, por conta das distorções cambiais do Brasil.

F
alando em comércio exterior, as exportações de agosto último foram 30% inferiores ao registrado no mesmo mês do ano passado.

Finalmente, de acordo com a receita federal, a arrecadação de impostos da União caiu, em termos reais, segundo a própria receita, 9,38% em julho.

Diante de tais dados - e muitos outros - fica difícil entender como o ministro Guido Mantega irá tirar da cartola informações que confirmem que o Brasil está crescendo acima de 4,5%.

Eventualmente, resultados mais positivos da economia podem surgir a partir de outubro novembro, por conta de uma base de comparação mais deprimida, pelo início dos efeitos da crise global nos indicadores comparativos.


Todas
as informações apresentadas nessa análise são oriundas de dados públicos do próprio governo federal, obtidas na Internet. E certamente alguns assessores das autoridades reunidas no G20 devem ter feito o que fiz: consultar a rede mundial de computadores para conferir a veracidade das palavras de Mantega.

Nesse caso, o Brasil fez papel feio.

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