Disse
o Barão de Itararé: “o homem é o bicho mais cafajeste que existe... a mulher
também”.
Essa
frase revela o que poucos admitem: a conduta correta só vale para quando os
outros estão olhando. Se há a oportunidade de uma travessura impune, ela
provavelmente será feita.
Vários
estudos econômicos e sociológicos comprovam o freio dos humanos para executarem
atos contra a ética estabelecida é a percepção do risco real de serem punidos
pelas suas ações. Se tal risco é nulo, então as peraltices estão liberadas...
por baixo dos panos é claro.
Isso
explica os recentes casos de corrupção que assombram os brasileiros (assombram
mesmo?): mensalão, petrolão, etc.
Mas
será que é certo culpar apenas a classe política, ou a sensação de
impunidade à
corrupção é generalizada? Dois casos recentes mostram que a segunda opção é a
mais correta.
Falo
do juiz do Rio de Janeiro, Flávio Roberto de Souza, que se apropriou de dois
carrões e um pianão apreendido do ex-bilionário Eike Batista. Lembro também do
caso do pregão eletrônico da base da Marinha de Duque de Caxias (RJ), que orçou
R$ 62 milhões para adquirir panquecas, lasanhas empadões e bebidas o suficiente
para embriagar as Forças Armadas inteiras.
E
assim vai ladeira abaixo a credibilidade do judiciário e dos militares
brasileiros. Não que tais procedimentos possam ser generalizados para todos os
membros das duas corporações. Mas há de se reconhecer que o estigma fica
evidente.
Voltando
a racionalidade econômica, tais coisas acontecem pela percepção do baixo risco
de punição. Será que o juiz será demitido e preso; e os marinheiros metidos na
farra da manguaça com lasanha seguirão o mesmo caminho? É pouco provável.
Mesmo
na vida privada, são poucos os que resistem - tendo a certeza da impunidade - a
evitar impostos, atravessar o sinal vermelho, ou dar uma puladinha de cerca
(epa!).
Em
resumo, sem o risco da punição, as regras são desmoralizadas. Essa é uma
constatação histórica do Brasil e de vários países do mundo; normalmente
aqueles que não conseguem se desenvolver.
Concluindo,
antes de buscarmos solucionar crises com arroubos autoritários, o melhor é
zelar para que as leis sejam cumpridas e que punam cegamente quem as
descumprir.
Eduardo
Starosta