A
Sombria Sina Latino Americana
Quem for a Caracas, capital da Venezuela, não encontrará mais
do que vestígios daquela que já foi uma das mais prósperas metrópoles do
continente. Hoje a situação por lá lembra os piores momentos que precederam a
queda da União Soviética: filas de centenas de metros para comprar gêneros de
primeira necessidade racionados e o perceptível mercado negro, onde uma
camisinha custa cerca de R$ 2 mil. Se um mero balãozinho lubrificado sai tão
caro, imagine o resto?
Quase dois anos após a morte de Hugo Chávez os venezuelanos
ainda continuam pagando o preço de um dos mais penosos crimes contra a humanidade:
o custo de um povo deixar-se enganar.
O mecanismo é bastante simples e ingênuo:
- Um sujeito qualquer berra
com eloquência as coisas que as pessoas querem ouvir;
- Alguns anos depois ele assume
o poder e continua berrando com eloquência, enquanto aparelha o Estado com seus
capangas;
- O excesso de competência para
falar contrasta com a total incompetência para a gestão pública;
- As coisas começam a dar
errado;
- O líder desvia a atenção do
povo invocando um inimigo, que pode ou não existir;
- Aos poucos a paixão da população
por aquele salvador, vai dando espaço ao temor desencorajador de enfrentar o
demônio;
- Alguns poucos corajosos são
exilados, outros mortos e mais alguns impedidos de se manifestar;
- Grandes estátuas e painéis
com fotos do líder nas ruas contrastam com a miséria humana;
- Vem as saudades do passado. Mas o tempo que
passou é apenas um fantasma;
- No final, a morte do
caudilho ou a sua desmoralização põe fim ao medo e começa a longa e difícil reconstrução
do país, sob os escombros de uma economia e sociedade arrasada.
Cuba começa a tentar sair
dos anos 50; Venezuela está às portas da
morte enquanto Nação; Argentina, Bolívia e Equador aparentam seguir o mesmo
caminho.
Ao menos por prevenção, é
bom prestar atenção ao Brasil. A exemplo de nossos vizinhos, fomos um país de
quarteladas e ainda não estamos completamente imunes à influência de falastrões.
Em tempo: a produção industrial
brasileira fechou 2014 em níveis inferiores a 2008. Será que isso significa
alguma coisa? Estamos no caminho certo, ou apenas presos à sombria sina Latino
Americana?
Eduardo Starosta
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