O
Brasil em Crise Cambial
Em apenas duas semanas a cotação
do dólar subiu de R$ 2,57 para R$ 2,84; uma alta de 10,5%, apesar das
insistentes intervenções do Banco Central que já custaram cerca de US$ 5
bilhões das reservas cambiais do país.
Pessoas com interesse na exportação
podem comemorar a situação, uma vez que a moeda brasileira está há vários anos
em situação de sobrevalorização (isso é que torna os importados tão
acessíveis).
Entretanto, o fenômeno em
foco está dando medo ao Planalto, na medida em que ele revela a desconfiança internacional
em relação a nossa política econômica.
Simplificando, a coisa
funciona mais ou menos assim:
- a credibilidade financeira
de um país é medida pela sua moeda;
- quando o mundo acredita na
moeda do país, os investidores internacionais investem em títulos públicos da
Nação em foco;
- eventualmente, por conta
de barbeiragens na política econômica e crises financeiras, a credibilidade do
país cai e os investidores resgatam o dinheiro investido em títulos públicos.
- assim acontece a chamada
fuga de capital estrangeiro. As moedas internacionais ficam raras no país,
fazendo com que o dinheiro nacional se desvalorize. É isso o que está
acontecendo com o Real.
Resumindo, o descontrole das
contas públicas, a alta da inflação, o aumento de impostos e denúncias de corrupção
acenderam a luz de alerta sobre o Brasil no exterior. Daí o mais lógico para os
investidores é pegar o dinheiro e pular fora da encrenca.
Assustem-se: em situações como
essa, a reação do governo é seduzir os investidores com rendimentos mais altos.
E como se faz isso? Aumentando ainda mais os juros... Nos primeiros tempos do
Real, o Brasil tinha uma confiabilidade muito baixa. Entre agosto e outubro de
1998, por exemplo, a SELIC (taxa básica de juros) pulou de 19,23% ao ano para
41,58%.
Não está fora das
possibilidades que tal cenário se repita. A única solução razoável para o
problema está na tecla que o presidente da FCDL-RS, Vitor Augusto Koch, vem
tocando insistentemente: melhorias convincentes na gestão pública federal.
Última: Quer reagir ao
aumento de combustível? Então boicote a Petrobrás. Consuma de outras redes que não
sejam a BR. Esse tipo de pressão pode reverter a alta de fevereiro.
Eduardo Starosta
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