quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Aumenta o Risco da Sub-Prime Brasileira

Uma das conclusões a que cheguei na postagem do último dia 15 de setembro é que o crescimento do consumo varejista no Brasil estaria escondendo um processo em potencial de explosão da inadimplência no país. Os fatos que justificariam tal perigo são bastante simples: a remuneração total dos brasileiros aumentou 25% nos últimos quatro anos, enquanto crédito associado ao comércio se expandiu 163% no mesmo espaço de tempo.


Pois bem, a curiosidade bateu e fui pesquisar diretamente na fonte a consistência de tal hipótese. E realmente a situação no âmbito das instituições financeiras privadas está de arrepiar os cabelos.

A ilustração seguir mostra que o total de empréstimos com atraso pulou de R$ 13,4 bilhões para R$ 56,5 bilhões nos últimos oito anos. Lá, em julho de 2001, os bancos privados retinham 59% desse valor, passando para 76% nos dias atuais.

Já as instituições financeiras públicas, após anos de negociações no âmbito da dívida agrícola, priorizaram operações de crédito de menor risco, reduzindo seu grau de inadimplência - chegou a estar acima de 10% em 2000 - para patamares na casa dos 2%.

Por outro lado, as instituições de crédito privadas entraram para valer na onda de consumo. Por meio de convênios com o varejo e operações próprias, disputaram ferrenhamente o mercado de empréstimos para a aquisição de veículos, eletroeletrônicos e outros produtos duráveis.

Com o início da crise global, o setor passou a conviver com taxas crescentes de inadimplência, partindo de 3,3% em setembro do ano passado, chegando a 5,4% em julho último. O mais sério de tudo é que nesse intervalo de tempo não houve um mês sequer em que o indicador recuasse. E atenção: o citado patamar é o maior nível de atraso de empréstimos registrado pelos bancos privados desde o final da década passada. Antes disso não há indicadores disponíveis.

Para reverter esse processo de escalada da inadimplência, o nível de emprego tem que verdadeiramente reagir. Se o pronunciamento do governo federal a respeito da alta da oferta de trabalho em agosto estiver correta, as prestações em atraso junto aos bancos deverão diminuir de intensidade, pelo menos a partir de setembro. Caso contrário, o não pagamento de empréstimos se tornará cada vez mais relevante, tornando razoável o risco de algum tipo de colapso do sistema financeiro nacional (sub-prime tupiniquim).

Esperemos que o Banco Central esteja preparado para reagir a tal eventualidade, em moldes parecidos como o que foi feito no início do Plano Real, quando o PROER garantiu a liquidez das instituições financeiras.


 
Curtas



1) De acordo com a Receita Federal, a arrecadação de impostos caiu 7,5% em agosto, na comparação com o mesmo mês de 2008. O fato gerador dessa receita foi majoritariamente em julho, o que comprova a falta de vitalidade da economia nacional. Repito: foi um ato precipitado do governo, anunciar final da recessão.

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