quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Mais uma Bolha Está Estourando?

Ontem a Bovespa despencou 4,75%, sendo esse o pior resultado da bolsa de São Paulo desde o dia 2 de março, quando a crise financeira global estava atingindo o Brasil de forma mais aguda. Os aplicadores do mercado de ações devem estar mais tranqüilos hoje, com alta parcial de 3,88% registrada próximo ao meio-dia.


Entretanto, esse ânimo não passa de boba ilusão. O que se sabe é que oscilações demasiadamente elevadas, fora de padrão, em qualquer circunstância (mesmo fora da economia) representam grandes potenciais de problemas, instabilidades.


Inicialmente os analistas de plantão apontaram a frustração das vendas de imóveis nos EUA como causa do problema. Mas cá entre nós, qual é a relação entre os americanos comprarem menos casas e uma empresa brasileira de transporte aéreo (TAM) perder em um só dia 8,5% de seu valor de mercado?


A resposta é: nenhuma; tudo não passa de mera especulação. O problema é que esse jogo pode gerar efeitos no mundo real da economia,


Há algumas semanas advertimos a respeito da bolha na Bolsa brasileira. Mesmo com a queda da Bovespa em função da crise financeira, não haveriam motivos para que as empresas brasileiras de capital aberto se valorizassem cerca de 70% no decorrer desse ano, ainda mais que os resultados presentes e futuros de tais companhias não se mostram nada espetaculares.


Além de uma movimentação de saída de mercados emergentes por parte dos investidores internacionais, o fenômeno também pode estar associado aos efeitos secundários da taxação de IOF para a entrada de capital especulativo de curto prazo; medida essa com a qual concordo, sendo inclusive alvo de insistente proposição por parte desse blog desde agosto.


O fato é que um IBOVESPA muito acima de 45 mil pontos, dentro do histórico do índice, significa inflamento excessivo e tende a sofrer recuos. E quanto maior a distância do centro gravitacional, evidentemente, maior o tombo.


Em resumo, aparentemente a saída de capital especulativo está desvalorizando o Real, o que dá mais competitividade aos produtos brasileiros no exterior e mercado interno. Por outro lado, os aplicadores em ações ficam com o mico na mão na medida em que se inibe os compradores internacionais (via IOF) que perdem o interesse em movimentos rápidos no mercado brasileiro.


Mesmo com as turbulências em questão, os efeitos de longo prazo da taxação da entrada de capitais externos de curto prazo tendem a ser favoráveis.




Curtas


1) O PIB dos EUA cresceu 3,5% no primeiro trimestre e isso coloca, tecnicamente, o país fora da recessão. Mas o “tecnicamente” não significa conexão direta com a realidade. A base de comparação para medir o Produto Interno norte-americano é muito deprimida por conta da crise financeira. Há um processo lento de recuperação, sim; mas a situação ainda é bem adversa.


2) Interessante a decisão do governo em manter o IPI reduzido para os produtos da linha branca com menor consumo energético. No final das contas, isso beneficia o meio ambiente. Tal medida também deveria ser estendida para os carros. Quem polui menos, paga menos. Isso, além de beneficiar nossos pulmões, inverteria a matriz tributária do setor. Os carros novos (com tecnologia mais limpa) seriam menos taxados do que os antigos. A renovação de frota tenderia a ser mais rápida. Está aí um bom lobby para a ANFAVEA.

Nenhum comentário:

Postar um comentário