segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Indícios da Recuperação do Comércio Global

Ainda é cedo para se dizer qualquer coisa com certeza. Mas quem está apostando no início da recuperação dos mercados globais tem alguns motivos convincentes para isso.

Na semana passada ganhou bastante repercussão na mídia o dado referente à retomada do PIB japonês no segundo trimestre e a recuperação da produção industrial nos Estados Unidos.

Porém, a informação que parece ser mais consistente diz respeito à aceleração do comércio internacional. Até o fechamento dessa análise, nove países haviam informado o valor de suas importações de junho para o CONTRADE (divisão das Nações Unidas que mapeia o comércio global).

E dentro desse universo ainda limitado, é interessante observar que apenas o Uruguai registrou recuo de compras internacionais em relação a maio. Países do quilate da China, Suíça, Austrália e Turquia apontaram expansão de dois dígitos na medida em foco.

Na tabela a seguir, colocamos também o desempenho importador dos EUA, França, Japão e Reino Unido, referentes a maio, período no qual as compras globais ainda estavam em recuo.

Mas o importante é o dado mais recente, que por enquanto se mostra bem animador. Evidentemente, em função do elevado trauma da crise financeira, o desempenho comparado com as importações de junho de 2008 ainda resultam em percentuais negativos.

Da mesma forma, é importante ter claro que o mundo ainda está muito distante de recuperar seu apogeu de comércio registrado em julho do ano passado. Entretanto, o primeiro passo para que o planeta reencontre o crescimento real (acima do apogeu), aparentemente, está sendo dado.

Provavelmente
, a plena recuperação do comércio global não será noticiada em 2009 ou 2010. Mas o mundo ultrapassou o que se chamaria de fundo do poço. Se os dados parciais positivos de junho forem replicados nos meses seguintes, daí sim poderemos afirmar com maior certeza que os mercados estão se recuperando.

Mas atenção: a realidade predominante até o ano passado talvez nunca mais retorne. Se os bancos centrais do mundo realmente tomaram juízo, a leviandade financeira que acabou detonando a crise não será mais tolerada.

Outra coisa, no momento está ganhando competitividade os produtos focados em oferecer o máximo pelo menor preço, mesmo que isso signifique um sacrifício tolerável de padrões de qualidade.

Em
outras palavras, as marcas de luxo estão perdendo espaço, pelo menos temporariamente, pela visão mais utilitarista do consumidor, que busca maximizar poder de compra, diante de possibilidades financeiras mais modestas.

O Brasil poderia aproveitar mais intensamente essa nova fase, caso a situação cambial se aproxime de patamares razoáveis (real acima de US$ 2,30).


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