terça-feira, 15 de junho de 2010

Dia da Coréia do Norte

1) Nesses primeiros dias da Copa do Mundo, os assuntos da economia estão tão magros quanto o placar dos jogos, com exceção da surra que os alemães aplicaram nos australianos. E daqui a pouco é a vez do Brasil entrar em campo contra a seleção mais fraca do certame: a Coréia do Norte, cujo técnico atribui as chances de vitória de seu time pelo uso da força mental. Será que o campo vai virar um tatame de artes marciais. Vamos esperar para ver... Mas até agora, o que se viu predominantemente foram jogos com nível técnico equilibrado e um tanto quanto burocráticos. Saudades do futebol arte...

2) E as movimentações da economia também estão chatas, burocratizadas. Entretanto, a falta de assunto no noticiário permite que apareçam assuntos secundários, ou até importantes, mas com interpretação, diríamos, um tanto quanto amalucada. É o caso da previsão da Pesuisa Focus (Banco Central) que avalia o crescimento do PIB brasileiro de 2010 entre 7% e 8,1%. Isso ocorreu no embalo da publicidade dada ao produto interno bruto do primeiro trimestre, o qual chegou a quase 9% por conta de uma base comparativa deprimida (entre janeiro e março de 2009) que se propagará até o terceiro trimestre, quando os percentuais de aumento do PIB serão mais generosos. O problema de coerência vai ficar mesmo para o último trimestre do ano, quando o desempenho da economia brasileira deverá ser comparado com igual período de 2009, época na qual a fase mais aguda da recessão global já havia passada e a estrutura produtiva nacional já se encontrava em franca recuperação.

3) E na contra-mão de tal expectativa, temos alguns elementos bem consistentes para antever o arrefecimento da questionável disparada da economia brasileira. Em primeiro lugar, a Selic subiu na semana passada, fazendo com que o nosso país reassuma seu tradicional posicionamento de juros mais altos do mundo. O segundo ponto diz respeito à queda da produção industrial em abril diante de março e intensidade bem mais forte do que o esperado. Se o fenômeno se repetir em maio, o indício de problemas passará a ser encarado como preocupação de grande importância. Finalmente, não se pode desprezar a pesquisa da Serasa que atesta a alta da inadimplência das pessoas físicas pelo sétimo mês consecutivo. Com a elevação de juros, esse indicador corre o sério risco de se acelerar, repercutindo em aumentos ainda maiores do custo do dinheiro, o que é péssimo para quase todos.

4) Que o Brasil goleie a Coréia do Norte. Se o hexa vier, a sociedade brasileira até aceita uns pontos percentuais a menos no crescimento do PIB. É mais ou menos como o moleque meio burro na escola... Tira notas medianas ou ruins; mas se é bom de bola, tá perdoado.

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