Os
Últimos Serão... Os Últimos
Em março do ano passado, o
Jornal Le Monde, França, na primeira página, identificou o Brasil como o país mais
caro e sobretaxado do mundo.
Isso não é novidade. Mas a
situação tributária nacional é tão amalucada que ganhou notoriedade
internacional, pelo lado do deboche.
O mais grave é que o
despropósito de imposto que pagamos tem como contrapartida o despropósito da
oferta de serviços públicos de baixa qualidade.
Resumindo, pagamos muito
imposto por quase nada em troca e ainda mais: o dinheiro que entregamos ao
fisco não é o suficiente bancar o custeio público. O resultado disso é o
aumento da dívida pública, que descamba para a nossa também nada honrosa
situação de deter a maior taxa de juros do mundo.
A consequência desse anacronismo
é mais uma vez escancarada nas pesquisas de avaliação da competitividade
mundial. Dessa vez foi a Confederação Nacional da Indústria que divulgou na
última quarta-feira ranking envolvendo 14 países que disputam entre si os
mesmos nichos do mercado mundial. O Brasil ficou na vergonhosa penúltima
colocação pelo quarto ano consecutivo, só superando a Argentina... Mas quem não
vence os argentinos nos dias atuais?
Dentre os itens avaliados, a
pior situação é a dos juros. Além da taxa básica (SELIC) campeã mundial, o
spread dos empréstimos (lucro bruto dos bancos) chega a ser 19,6 pontos
percentuais maior do que a remuneração paga aos investidores. E para manter a
tradição, também levamos bomba nos quesitos impostos, infraestrutura, educação,
ambiente macroeconômico e produtividade do trabalhador.
A situação seria perdoável
caso os caminhos para o desenvolvimento socioeconômico fossem um grande
mistério. Mas não é nada disso! Os modelos para se levar um país como o Brasil
ao caminho da prosperidade são por demais conhecidos e testados para serem
ignorados (como o são!) pelos nossos gestores públicos.
Talvez o início da solução
do problema não seja simplesmente culpar os políticos que temos, mas reconhecer
que os brasileiros, predominantemente, não entendem nada de política.
Para que serve o poder
político?
Responder a essa questão
pode ser o início de uma grande mudança. Por ora, o Brasil está dentre os
últimos do mundo e assim continuará.
Eduardo Starosta
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